O Silêncio na Vida Celebrativa da Igreja

O  Silêncio na Vida Celebrativa da Igreja

«Tudo tem seu tempo. Há um momento oportuno para cada coisa debaixo do céu» disse o sábio judeu palestinense (Ecl 3,1). E, no mesmo capítulo, um pouco mais adiante, afirma: Há «um tempo de calar e um tempo de falar» (v. 7b). De fato, na experiência da humanidade, tem-se momentos nos quais a palavra é a protagonista. Em outros momentos, ao contrário, o protagonista se torna o silêncio[1].

Com a reforma litúrgica do Vaticano II, o silêncio em quanto tal entrou nas normas como parte integrante das celebrações. A Constituição Sacrosanctum Concilium disse: « Para promover uma participação ativa, trate-se de incentivar as aclamações do povo, as respostas, as salmodias, as antífonas e os cânticos, bem como as ações e os gestos e o porte do corpo. A seu tempo, seja também guardado o sagrado silêncio» (SC 30).

Com estas palavras conciliares nos damos conta da importância do silêncio litúrgico na vida da igreja orante e também nos damos conta que a realidade do silêncio é ainda  uma ação litúrgica muito desconhecida na vida de muitas comunidades cristãs. Por isso, devemos nos educar ao  silêncio, no sentido de saber escutar, meditar e comunicar-se com os outros. O silêncio orante, celebrante e participante ó o fruto do exercício, da abertura e da acolhida ao mistério de Deus, da maturidade na fé e na dimensão humana da vida.

É bom recordar que o silêncio não é algo novo, devemos resgatá-lo, já que por longas datas se conhecia a sua importância na vida celebrativa da igreja desde a tradição bíblica, passando pela patrística e assumindo um novo vigor com o resgate do último Concilio.

Gostaria de dizer ainda que o silêncio na liturgia é um grande bem da e na Igreja. O silêncio foi considerado como «pulchra caeremonia», a linguagem mais digna de  louvor e de adoração[2], um modo autentico de “estar diante de Deus” no culto, já dizia os homens do deserto.

Desejo a cada leitor que a experiência do silêncio seja a sua via espiritual como povo crente. Quando silenciamos, Deus fala.

 

Roma, 01 de novembro de 2011.

Solenidade de Todos os Santos

 

Padre Antonio Marcos Batista

Estudante de Sacra Liturgia

 

[1] Cf. R. DE ZAN, «Silenzio, ascolto e parola di Dio», in Rivista Liturgica 76 (1989) 340.

[2] Cf. I. CECCHETTI, «Tibi silentium laus», in Miscellanea Liturgica, Roma 1949, 526.