A PARÓQUIA

A PARÓQUIA

Dessa divergência surgiu o nascimento de uma nova paróquia, escolhendo-se, como lugar de nascimento, a alto da Conquista, onde residiam já diversas pessoas. Marcou-se o dia 14 de abril de 1959 para o início de uma nova paróquia, especificando-se a razão no Decreto de Criação. O Bispo escreveu que “sentia a paternal alegria de ver crescer e se agigantar o trabalho paroquial da Catedral”. Marcaram-se os limites da nova Paróquia, traçando-se uma linha divisória que fosse determinada com os pontos geográficos e as ruas da cidade. Partia a linha imaginária da Ponta do Ramo, seguindo pela praia até encontrar as Oficinas da Luz e Força e daí pela nova estrada até os Armazéns Gerais, de onde, encontrando a estrada asfaltada, seguia a Avenida Itabuna, até encontrar a Rua do Filtro, seguindo a Rua Ana Nery, a Rua Ramiro Castro, as oficinas da Estrada de Ferro, até a Ponte da Pedra, acompanhando o rio Cachoeira, cujo curso em direção a Itabuna servia de limite com a Paróquia de São João Batista do Pontal, até chegar a paróquia de São José de Itabuna. Era esta a nova Paróquia. Isso iria desafogar o serviço religioso da sede, e os queridos diocesanos iriam encontrar um novo alento com a proteção de Santa Rita de Cássia. O decreto era assinado pelo bispo Frei Caetano A. L. dos Santos e registrado no livro 1; fl. 25 v. da Diocese.

Um Convênio, estabelecido entre a diocese de Ilhéus e a ordem dos Carmelitas Descalços, definia ser a Paróquia de Santa Rita de Cássia com a cláusula de “pleno iure sed ad nutum Sanctae Sedis”, qualificando, assim, o exercício paroquial, com as características de ação, que se ligava à capacitação nascida da força pontifícia.

Acompanhava o decreto de formação da Paróquia, duas provisões, nomeando Frei Henrique Janssen, como Vigário da Freguesia de Santa Rita de Cássia. A palavra “Freguesia”, registrada nas nomeações, manifestava que o espaço da paróquia era considerado um povoado. Só em 17-2-1961 as provisões registram no escrito, quando se conferem o cargo de Vigário e de Cooperador o reconhecimento efetivo do nome: Paróquia de Santa Rita de Cássia no Alto da Conquista.

Ali os Freis se encontraram sem igreja, sem recursos, valendo-se de uma pequena casa de roça, ao lado de um lixeiro e no meio dos pobres e circundados de uma vegetação agrícola: mangueiras, coqueiros, laranjeiras e outras árvores frutíferas. A casa era pobre e mal conservada e logo nos primeiros meses de uso a parede da sala das refeições caiu. Aproveitando a ruína se aumentou o espaço da sala e se tornou mais sólido o telhado, renovando toda a construção, para não ficarem debaixo de escombros. Frei Tiago, sempre motivador humano, deixou invadir a parte baixa da fazenda, que era dos Argolo e que por escritura se tinha tornada da diocese. O espaço deixado para os pobres era e é parte incluída entre a Rua Ana Néri e a Rua Mons. Evaristo. Esta sai da Av. Belmonte e vai à Conquista como um grande círculo, em cujo núcleo, a parte alta, foi defendido, pois era reservada aos Padres. Duas Ruas do Alto, o do convento e sua paralela, assumiram o nome de Mons. Evaristo, beneficiando o secretario episcopal.

Entre a Rua A. Fernandes e a Av. Paulista, ao lado da Praça de Santa Rita, existia uma capela dedicada a N. Senhora das Graças, propriedade de um grupo leigo/religioso, a Sociedade José Anchieta, que, necessariamente, se tornou centro vital das celebrações religiosas da nova paróquia. Entre os Santos existentes na capela: Nossa Senhora das Graças, Sagrado Coração de Jesus e São José se encontrou lugar para a imagem de Nossa Senhora do Carmo, que saiu da Catedral com os Padres e, pouco tempo depois, a de Santa Rita de Cássia, para respeitar o nome da Paróquia.

No dia 27 de novembro de 1959 aparece, sem aviso, à Missa Solene da festa de N. Senhora das Graças, titular da Capelinha, o Bispo diocesano, realizando o pontifical e levando consigo o Coral da Catedral de São Jorge.

No mesmo ano começou a ser preparado o terreno escolhido para a construção da igreja ao lado do Convento. Era, porém, a lixeira da Conquista, que exigiu, primeiramente, uma limpeza do terreno, pois o entulho foi acumulando-se durante muitos anos. Foi um trabalho cansativo e irritante, pois com os piquetes no terreno, que marcavam a futura igreja, o lugar continuava a ser depósito de lixo. A construção da Igreja só começou a ser erguida, efetivamente, em 1963, após diversas campanhas e sorteios que estimulavam os fiéis a providenciar o material necessário. Desde as fundamentas e nos traços marcados para a futura igreja, o nome seria de Nossa Senhora do Carmo, padroeira da Ordem Carmelitana, e companheira em toda a vida apostólica de Frei Tiago e dos Freis. Sendo os Padres Carmelitas responsáveis do morro, as planícies que se abriam no horizonte e que chegavam às portas de Uruçuca, como a outra vertente que seguia os caminhos da cidade e que chegava até as portas de Itabuna, N. S. do Carmo abençoaria toda a paróquia e todo o trabalho apostólico. Toda esta imensidão, confiada aos Carmelitas, seria por Maria do Carmo abençoada e iria guiar o esforço religioso. Na construída Igreja iriam reinar no altar as imagens da Cruz de Jesus e a de Maria do Carmo, e, respeitando o nome de paróquia, a de Santa Rita. A imagem de N. Senhora do Carmo era a mesma que tinha sido entronizada na Catedral, quando na posse de Frei Tiago, ali, como pároco. Agora no Alto da Conquista, do Freis queriam que a imagem do Carmo tivesse um seu templo. A Ela era dever de amor dedicar-Lhe um templo, marcando, assim, a presença dos Carmelitas da cidade de Ilhéus. No início da construção, como é comum, abençoando a primeira pedra fundamental. Se encaixou nela o nome da igreja construída, a estampa de Nossa Senhora do Carmo, o nome dos padres presentes, a assinatura dos presentes, o nome do bispo diocesano, um jornal do dia e outras lembranças do ato inicial e como paróquia a estampa de Santa Rita de Cássia. A obra, começando em março de 1963, já foi empregada, ainda que incompleta, para a celebração eucarística na vigília do Natal do mesmo ano. O nome oficial da igreja foi imposta e determinada pelo Bispo, para agradar seu secretário, sendo, portanto, o nome oficial a de Santa Rita de Cássia e titular da igreja. Os Padres poderiam contestar tal imposição, mas os Freis, obedecendo, puseram como anjo protetor, na entrada da Igreja, as imagens de Nossa Senhora do Carmo e comunhão com Santa Rita de Cássia. A mesma imposição recaiu para os Capuchinhos de Itabuna, que aproaram na diocese alguns meses antes.

O marco divisor da paróquia debaixo do morro era formado pela Rua Anna Néri, a Av. Itabuna e a Rua da Petrobras e neste traço se assinalava o diferencial entre a paróquia da Catedral e a de Santa Rita, sendo de um lado a riqueza e do outro lado a pobreza.

Sem medo, se começou a obra desbravadora e renovadora dos Freis. Não existiam estradas e a ferrovia, com seus pontilhões, e a praia eram os meios que permitiam os caminhos para alcançar e atender as diversas comunidades, esparsas na geografia paroquial.

A comunidade paroquial enriqueceu-se, no tempo, com mais presenças: Frei Henrique, Frei Patrício, Frei Domingos, e em seguida: Frei René, Frei Jorge, Frei Luiz e Frei Renato.

Considerando que cada igreja se tornaria centro propulsor de renovação, iniciaram, confiando na providência divina, um trabalho genial, que partia com a posse de uma parcimônia dos bens, associada à pobreza dos habitantes, tendo, ainda, uma tarefa descomunal na renovação do “habitat” humano no meio das matas.